Isenção do pente-fino do INSS: quem está livre da revisão e quais são seus direitos

O pente-fino do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) é um procedimento de verificação dos benefícios concedidos, com o objetivo de garantir que apenas aqueles que ainda preenchem os requisitos estabelecidos por lei continuem a receber os pagamentos. Essa revisão é destinada a identificar irregularidades e evitar fraudes, assegurando a boa gestão dos recursos públicos. No entanto, existem categorias de beneficiários que, por razões específicas, estão isentas de passar por essa revisão periódica. Neste artigo, vamos esclarecer quem está dispensado do pente-fino do INSS, quais critérios justificam a isenção e os direitos garantidos aos segurados nessa situação.

O que é o pente-fino do INSS e quais são suas finalidades

O pente-fino do INSS é um processo de revisão administrativa que busca assegurar a regularidade dos benefícios previdenciários, como auxílio-doença, aposentadoria por invalidez e o Benefício de Prestação Continuada (BPC/LOAS). A ideia é verificar se os segurados continuam a atender aos requisitos que deram origem ao benefício, evitando pagamentos indevidos e fraudes.

A revisão pode incluir a convocação dos beneficiários para apresentar documentos atualizados, realizar novas perícias médicas ou confirmar dados socioeconômicos. No entanto, algumas situações e condições garantem que certos beneficiários não precisem passar por essa revisão, proporcionando maior estabilidade no recebimento dos auxílios.

Quem tem direito à isenção do pente-fino do INSS

Alguns segurados possuem proteção legal contra a convocação para o pente-fino, sendo dispensados de passar por novas perícias ou atualizações frequentes. Abaixo, destacamos os grupos mais comuns que se enquadram nessa condição:

  • Aposentados por invalidez com 60 anos ou mais: De acordo com o art. 101, §1º, da Lei nº 8.213/1991, aposentados por invalidez que completaram 60 anos de idade não podem ser chamados para novas perícias. Essa isenção reconhece que, ao atingir essa idade, é improvável que a condição de saúde do segurado melhore a ponto de permitir seu retorno ao mercado de trabalho. Essa regra busca proteger esses aposentados da necessidade de novas comprovações e da instabilidade que essas revisões poderiam causar.
  • Pessoas com doenças graves, incuráveis ou em estágio terminal: Existem segurados que sofrem de doenças consideradas graves e irreversíveis, como certos tipos de câncer, HIV/AIDS em estágio avançado e outras condições incuráveis. A legislação oferece proteção especial a essas pessoas, considerando que a exigência de novas perícias seria desnecessária e até mesmo desumana. Nesses casos, a apresentação de laudos médicos detalhados que comprovem a gravidade da condição pode ser suficiente para garantir a isenção das revisões.

A proteção para aposentados por invalidez acima de 60 anos

A isenção de perícias para aposentados por invalidez com mais de 60 anos é uma das principais proteções concedidas pela legislação previdenciária. Antes de atingir essa idade, os aposentados podem ser convocados para perícias periódicas que avaliam a permanência da incapacidade. Contudo, ao completarem 60 anos, a presunção é de que a condição que motivou a aposentadoria permanece inalterada, sendo, portanto, desnecessário exigir novas avaliações.

Essa proteção oferece uma maior estabilidade aos aposentados, que passam a ter a certeza de que o benefício será mantido sem a necessidade de enfrentar o desgaste de novas avaliações médicas. Isso é particularmente importante para segurados que, além da invalidez, enfrentam as dificuldades naturais do envelhecimento.

Isenção de revisão para portadores de doenças graves

Além dos aposentados por invalidez idosos, os portadores de doenças graves também têm proteção contra revisões constantes do INSS. Quando uma doença é considerada irreversível e comprovadamente incapacitante, como em casos de câncer em estágio avançado ou doenças que comprometem a qualidade de vida de forma severa, o segurado pode ser dispensado de novas perícias.

Para que essa isenção seja reconhecida, o segurado deve apresentar laudos médicos detalhados que comprovem o diagnóstico e a irreversibilidade da condição. Esses documentos são analisados pelo INSS, que pode dispensar a realização de novas perícias, garantindo a manutenção do benefício enquanto a condição de saúde perdurar.

Como funciona a isenção de revisões no Benefício de Prestação Continuada (BPC/LOAS)

O Benefício de Prestação Continuada (BPC) é um auxílio assistencial destinado a pessoas com deficiência e idosos de baixa renda. Embora o BPC também esteja sujeito a revisões periódicas, a lei prevê isenções para alguns beneficiários, especialmente quando há comprovação de que a condição de vulnerabilidade e incapacidade não mudou.

Para idosos que recebem o BPC, a revisão foca na situação econômica, mas tende a ser menos frequente à medida que a idade avança. Já para pessoas com deficiência, se a condição que originou o benefício for considerada permanente e irreversível, a exigência de novas perícias pode ser reduzida, de forma semelhante ao que ocorre com a aposentadoria por invalidez.

Como agir em casos de convocação indevida para revisão

Caso um beneficiário que preencha os critérios de isenção seja convocado indevidamente para o pente-fino, ele tem o direito de contestar a convocação junto ao INSS. O segurado deve reunir todos os documentos que comprovem sua condição de isenção, como laudos médicos, atestados de idade e diagnósticos de doenças graves.

O pedido de revisão da convocação pode ser feito diretamente pelo portal Meu INSS, onde o segurado pode anexar a documentação que justifica a isenção. Caso o INSS negue a dispensa ou não responda adequadamente, o segurado pode buscar orientação jurídica para garantir que seu direito seja respeitado.

A atuação de um advogado especializado em direito previdenciário pode ser essencial nesse processo, ajudando a evitar a realização de perícias desnecessárias e a assegurar a continuidade do benefício.

Direitos dos segurados que têm isenção de revisões

Os segurados que têm direito à isenção do pente-fino têm garantida a estabilidade no recebimento de seus benefícios, sem a necessidade de se submeterem a novas avaliações periódicas. Isso proporciona maior tranquilidade e previsibilidade no recebimento do benefício, evitando a insegurança que uma convocação para revisão pode gerar.

Além disso, o INSS tem o dever de informar claramente sobre o status do benefício e os direitos dos segurados, evitando convocá-los de forma indevida. Caso haja qualquer problema ou dúvida em relação à convocação, os segurados podem e devem buscar esclarecimentos diretamente no INSS ou com um advogado.

Conclusão sobre quem está isento do pente-fino do INSS

O pente-fino do INSS é uma ferramenta importante para assegurar que os benefícios previdenciários sejam pagos de forma justa, mas também é fundamental que as isenções previstas por lei sejam respeitadas. Garantir a estabilidade de pessoas em condições especiais é uma questão de justiça e respeito aos direitos dos segurados.

Conhecer as situações que garantem a isenção do pente-fino é essencial para que os segurados possam defender seus direitos de forma adequada e, assim, manter o benefício sem a preocupação de revisões frequentes. Com uma boa orientação jurídica, é possível garantir que esses direitos sejam respeitados, proporcionando maior segurança para os que necessitam desses auxílios.

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Gustavo Saraiva

É empreendedor digital, investidor e cofundador do Doutor Multas, sócio do Âmbito Jurídico e sócio da Evah. É colunista do UOL, JUS, Icarros e escreve para dezenas de portais, revistas e jornais.

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