Indenização por acidente de trânsito causado por motorista embriagado: direitos e deveres envolvidos

Acidentes envolvendo motoristas alcoolizados são uma das principais causas de danos e lesões graves nas vias. No Brasil, o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) estabelece punições rigorosas para motoristas que dirigem sob o efeito de álcool, incluindo a responsabilidade civil para indenizar as vítimas. Este artigo analisa os direitos das vítimas em casos de acidentes causados por condutores embriagados, bem como as consequências jurídicas e financeiras para o motorista.

Responsabilidade do motorista alcoolizado em acidentes de trânsito

No direito brasileiro, o motorista que causa um acidente sob o efeito de álcool é considerado responsável pelos danos, tanto materiais quanto morais e físicos. O Código Civil prevê que quem causa prejuízo a outra pessoa, de qualquer natureza, deve reparar esse dano. Assim, o condutor alcoolizado responde pelos danos causados devido à sua atitude de risco.

Esse tipo de responsabilidade é caracterizado como objetiva, o que significa que basta provar que o motorista estava embriagado no momento do acidente para que ele seja obrigado a indenizar. Ou seja, a simples condução sob efeito de álcool já configura negligência, e o dever de indenizar se torna independente da intenção de causar o acidente.

Tipos de indenização: danos materiais, morais e estéticos

As vítimas de acidentes causados por motoristas embriagados podem pleitear diferentes tipos de indenização, dependendo da extensão do prejuízo. As principais indenizações incluem:

  • Danos materiais: compreendem todas as perdas financeiras diretas, como custos com reparo do veículo, despesas hospitalares e de medicamentos, além de valores relacionados ao transporte e tratamentos. Se a vítima teve que se afastar do trabalho, ela pode pedir compensação pela renda perdida durante esse período.
  • Danos morais: têm como objetivo reparar o impacto emocional e psicológico causado pelo acidente. Vítimas de acidentes graves podem sofrer traumas, ansiedade e medo de dirigir, e a indenização por danos morais visa amenizar esses efeitos.
  • Danos estéticos: são devidos em casos onde o acidente deixa marcas visíveis ou permanentes, como cicatrizes ou deformidades físicas. Esses danos afetam a imagem e autoestima da vítima e, portanto, justificam uma compensação adicional.

Essas indenizações podem ser solicitadas em juízo. A Justiça Comum analisa as provas e decide sobre o valor e a extensão da responsabilidade do motorista embriagado com base nas evidências e nos impactos na vida da vítima.

DPVAT: seguro obrigatório para acidentes de trânsito

O Seguro de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre (DPVAT) oferece cobertura para vítimas de acidentes de trânsito, independentemente de quem tenha sido o responsável. Mesmo em acidentes onde o condutor estava alcoolizado, as vítimas têm o direito de solicitar o DPVAT para ajudar com despesas médicas e, em casos graves, para obter compensação por invalidez ou falecimento.

Para acionar o DPVAT, a vítima ou seus familiares precisam apresentar documentos como boletim de ocorrência, laudos médicos e comprovantes de despesas. Vale lembrar que o DPVAT cobre apenas despesas pessoais e não inclui danos ao veículo ou outros prejuízos financeiros. Além disso, o recebimento do DPVAT não impede que a vítima busque outras indenizações na Justiça contra o condutor.

Seguros privados e exclusão de cobertura por embriaguez

A maioria dos seguros de veículos possui cláusulas que excluem a cobertura em caso de embriaguez do motorista. Ou seja, se o acidente ocorrer enquanto o motorista está sob o efeito de álcool, a seguradora pode se recusar a cobrir os danos ao veículo e a compensar terceiros.

No entanto, se o terceiro envolvido tiver contratado um seguro contra danos de terceiros, sua apólice poderá cobrir os prejuízos causados. Nesse caso, a seguradora tem o direito de buscar o reembolso do valor pago através de uma ação de regresso contra o motorista embriagado, que é o responsável direto pelo acidente.

Responsabilidade do empregador em acidentes com motoristas embriagados

Em acidentes envolvendo motoristas de empresas, a responsabilidade pode se estender ao empregador, especialmente se o acidente ocorrer durante o expediente. A vítima pode exigir que a empresa indenize os prejuízos, e, se isso acontecer, a empresa poderá mover uma ação de regresso contra o funcionário para recuperar o valor pago.

Para evitar essa responsabilidade, é essencial que a empresa adote medidas preventivas, como proibir o consumo de álcool por funcionários que dirigem em seu nome e fiscalizar o uso dos veículos corporativos. Empresas que estabelecem e seguem protocolos de segurança têm uma defesa jurídica mais sólida em casos de acidentes.

Como buscar a indenização em acidentes com motorista alcoolizado

Para solicitar uma indenização, a vítima deve reunir o máximo de provas possível, como o boletim de ocorrência, o laudo de teste de bafômetro ou outros exames que indiquem o nível de álcool do condutor. Testemunhas e imagens de câmeras também podem fortalecer o pedido.

A vítima pode optar por negociar diretamente com o motorista ou iniciar uma ação judicial caso não haja acordo. Em juízo, o juiz avaliará os documentos e determinará a indenização devida. Contar com o suporte de um advogado pode ser fundamental para garantir que a indenização seja justa e que todos os direitos da vítima sejam respeitados.

Apoio jurídico: papel essencial para as vítimas

Acidentes causados por motoristas embriagados envolvem questões jurídicas e emocionais complexas. A assistência de um advogado é essencial para orientar a vítima sobre seus direitos e sobre as possibilidades de indenização. O advogado pode auxiliar no pedido do DPVAT, orientar na coleta de provas e representá-la em eventuais negociações e ações judiciais.

Além disso, o advogado pode intermediar o contato com seguradoras, inclusive para garantir o cumprimento dos direitos previstos no contrato de seguro do terceiro, caso exista.

Considerações finais sobre acidentes com condutores embriagados

A direção sob o efeito de álcool é uma infração de trânsito grave, e a legislação brasileira prevê punições rigorosas para motoristas que assumem esse risco. Para a vítima, conhecer seus direitos é fundamental para buscar uma compensação pelos danos sofridos, seja através de indenização judicial ou seguros.

No contexto empresarial, é essencial que as empresas adotem políticas de conscientização e segurança para evitar que motoristas sob efeito de álcool operem seus veículos. Essas medidas contribuem para a prevenção de acidentes e ajudam a proteger tanto os funcionários quanto o patrimônio e a imagem da empresa.

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Gustavo Saraiva

É empreendedor digital, investidor e cofundador do Doutor Multas, sócio do Âmbito Jurídico e sócio da Evah. É colunista do UOL, JUS, Icarros e escreve para dezenas de portais, revistas e jornais.

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