Como Patentear um Projeto: Passo a Passo Completo

A patente é um direito concedido pelo Estado, permitindo ao titular da invenção a exclusividade sobre a exploração comercial de sua criação. Esse direito é concedido para novas invenções, garantindo que nenhuma outra pessoa possa reproduzir, vender ou usar a invenção sem a autorização do criador, por um período determinado. No Brasil, o processo de patenteamento é regulamentado pela Lei de Propriedade Industrial (Lei nº 9.279/1996), que estabelece as normas para registro de invenções e modelos de utilidade.

Este artigo irá explicar como patentear um projeto corretamente, abordando as etapas essenciais, os requisitos necessários e os cuidados a serem tomados para proteger a sua invenção da melhor forma possível.

O que é uma patente e quais os tipos existentes?

No Brasil, a patente se refere ao direito concedido sobre uma invenção ou modelo de utilidade. O objetivo de uma patente é garantir ao titular o direito exclusivo de comercializar, produzir ou licenciar a invenção registrada. A patente de invenção e o modelo de utilidade são os dois principais tipos de patente concedidos no país.

Patente de invenção

A patente de invenção é concedida a novos produtos ou processos que envolvem uma solução inovadora para um problema técnico específico. A invenção precisa ser original, ou seja, não pode ser uma cópia de algo já existente e deve apresentar uma inovação em relação ao que é conhecido no mercado.

Modelo de utilidade

O modelo de utilidade é concedido a alterações ou modificações em produtos existentes que resultem em uma melhoria funcional ou aplicação mais eficiente. Embora o modelo de utilidade não exija o mesmo nível de inovação que uma patente de invenção, ele também deve ser aplicável e útil para a indústria.

Requisitos para patentear um projeto

Para patentear um projeto, é necessário que ele cumpra alguns requisitos legais fundamentais. O INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial) estabelece critérios que devem ser atendidos para que o pedido de patente seja aceito.

Novidade

A invenção ou modelo de utilidade deve ser inédito, ou seja, não pode ter sido divulgado ou utilizado publicamente, seja no Brasil ou no exterior. Isso garante que a patente seja concedida apenas para ideias novas e inovadoras.

Atividade inventiva

O projeto deve apresentar um grau de atividade inventiva, o que significa que não pode ser óbvio para profissionais da área. O que se espera é que a invenção seja um avanço em relação ao que já existe, não sendo algo previsível ou simples de deduzir.

Aplicação industrial

A invenção precisa ser aplicável industrialmente, ou seja, deve poder ser fabricada, usada ou comercializada de maneira eficaz. A invenção deve ter um valor prático que justifique o seu uso em atividades econômicas ou industriais.

Clareza e detalhamento da descrição

O pedido de patente deve incluir uma descrição detalhada da invenção, incluindo todas as suas características, funções e vantagens. Essa descrição deve ser clara e objetiva, permitindo que um especialista na área compreenda como reproduzir a invenção.

Etapas do processo de patentear um projeto

O processo para registrar uma patente no Brasil envolve várias etapas, que vão desde a preparação do pedido até a concessão da patente. Cada uma dessas fases exige cuidados específicos, que garantem que o processo seja realizado corretamente.

Pesquisa de anterioridade

Antes de iniciar o pedido de patente, é recomendável realizar uma pesquisa de anterioridade. Essa pesquisa tem como objetivo verificar se a invenção já foi registrada por outra pessoa ou se existe algo similar já patenteado. O INPI disponibiliza uma ferramenta de consulta para esse fim, mas também é possível contar com o apoio de advogados especializados em propriedade intelectual.

Preparação do pedido

O pedido de patente deve ser preparado de acordo com as exigências do INPI. É necessário que o solicitante forneça uma descrição completa da invenção, incluindo esboços, desenhos ou qualquer outra informação técnica que possa auxiliar no entendimento do projeto. Além disso, o pedido deve especificar o tipo de patente desejada (invenção ou modelo de utilidade) e incluir uma reivindicação, que define o que está sendo protegido.

Depósito do pedido no INPI

Após a preparação, o pedido deve ser depositado no INPI. Esse depósito pode ser feito online, por meio do sistema eletrônico de pedidos do INPI. O depósito é acompanhado pelo pagamento de uma taxa de depósito, que varia de acordo com o tipo de patente e a quantidade de reivindicações.

Exame formal e técnico

O INPI realiza um exame formal para verificar se todos os documentos estão completos e corretos. Em seguida, o pedido passa por um exame técnico, no qual um especialista avaliará se a invenção é realmente nova, tem atividade inventiva e aplicação industrial. Caso o exame técnico seja positivo, o INPI concederá a patente.

Concessão ou recusa

Caso o pedido seja aceito após o exame técnico, o INPI concede a patente, e o solicitante recebe o direito exclusivo sobre a invenção. Caso contrário, o pedido pode ser recusado, mas o solicitante tem a possibilidade de apresentar recursos ou fazer ajustes no pedido, conforme indicado pelo INPI.

Custos envolvidos no processo de patenteamento

O processo de patenteamento tem custos que devem ser levados em consideração pelo solicitante. O INPI cobra taxas em várias fases do processo, tais como:

  • Taxa de depósito: paga no momento da apresentação do pedido de patente.
  • Taxa de exame técnico: paga quando o pedido entra na fase de avaliação.
  • Taxa de manutenção: paga anualmente para manter a patente válida.

O valor dessas taxas pode variar de acordo com o tipo de patente e o número de reivindicações. Para o titular da patente, é importante ter em mente os custos envolvidos no processo e durante a vigência da patente.

Vantagens de patentear um projeto

Patentear uma invenção traz diversas vantagens legais e comerciais. Entre os benefícios, destacam-se:

  • Exclusividade de exploração: O titular da patente tem o direito exclusivo de explorar comercialmente sua invenção.
  • Proteção contra concorrência desleal: Patentes evitam que outros copiem ou usem indevidamente a invenção.
  • Valor de mercado: Patentes agregam valor à empresa ou ao inventor, podendo ser licenciadas para gerar receita adicional ou vendidas.
  • Acesso a financiamentos: Empresas com patentes podem ter mais facilidade para obter investimentos, uma vez que a patente agrega valor à organização.

Como defender a sua patente

Após a concessão, o titular da patente deve proteger seus direitos para evitar o uso indevido da invenção. Caso alguém infrinja a patente, o titular pode tomar as seguintes medidas:

  • Notificar o infrator: A primeira ação é notificar a parte infratora, solicitando a cessação do uso indevido.
  • Ação judicial: Se a notificação não resolver, o titular pode ingressar com uma ação judicial para buscar a cessação da violação e exigir indenização pelos danos causados.

Além disso, é importante monitorar o mercado regularmente para garantir que outras empresas não estejam infringindo sua patente.

Conclusão

Patentear um projeto é essencial para proteger uma invenção e garantir que o criador tenha direitos exclusivos sobre sua criação. O processo de patenteamento envolve várias etapas, desde a pesquisa de anterioridade até a concessão da patente, e pode demandar custos durante sua execução. Contudo, as vantagens comerciais e legais de uma patente são significativas, proporcionando ao titular o direito exclusivo de explorar sua invenção.

Para um processo de patenteamento bem-sucedido, é fundamental contar com o apoio de advogados especializados em propriedade intelectual, que poderão ajudar no preenchimento correto do pedido e na proteção da invenção contra possíveis violações.

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Gustavo Saraiva

É empreendedor digital, investidor e cofundador do Doutor Multas, sócio do Âmbito Jurídico e sócio da Evah. É colunista do UOL, JUS, Icarros e escreve para dezenas de portais, revistas e jornais.

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