Escoliose e aposentadoria por invalidez: entenda os direitos e a concessão do benefício

A escoliose é uma condição médica que causa uma curvatura anormal da coluna vertebral, podendo afetar diversas áreas do corpo, como os músculos e os nervos. Em casos graves, essa condição pode comprometer a mobilidade, causar dores intensas e impactar a qualidade de vida de quem sofre com ela. Em situações mais severas, a dúvida que surge é: quem tem escoliose tem direito à aposentadoria por invalidez?

Este artigo explora a escoliose de uma perspectiva jurídica, abordando as possibilidades de concessão da aposentadoria por invalidez para indivíduos que sofrem dessa condição, quando ela pode ser considerada incapacitante e quais são os critérios exigidos para obter o benefício.

Definindo a escoliose e suas consequências para a saúde

A escoliose é uma deformidade que provoca a curvatura lateral da coluna vertebral. Em vez de manter-se reta, a coluna se curva em forma de “S” ou “C”, afetando o alinhamento da espinha e, em casos severos, causando desconforto extremo, dor crônica e dificuldades para realizar movimentos diários. A condição pode ocorrer em qualquer idade, mas é mais comum em adolescentes e, dependendo de sua gravidade, pode se agravar ao longo do tempo.

Em casos mais graves, a escoliose pode afetar não apenas a postura, mas também os órgãos internos, como os pulmões e o coração, devido à compressão das estruturas da cavidade torácica. Esses sintomas podem levar à limitação de atividades cotidianas e à incapacidade de manter uma rotina de trabalho.

O impacto da escoliose na capacidade de trabalhar

Quando a escoliose é grave e não tratada adequadamente, ela pode afetar diretamente a vida profissional do trabalhador. A dor crônica, a rigidez nas costas e a dificuldade de movimento podem prejudicar a realização de tarefas físicas ou mesmo intelectuais. Profissionais que trabalham em posições de pé por longos períodos ou que precisam levantar pesos podem ser especialmente afetados.

Além disso, as complicações respiratórias e a dificuldade de se mover livremente podem limitar ainda mais as atividades diárias do indivíduo. Para muitos trabalhadores, isso pode significar a impossibilidade de manter suas funções, levando a uma incapacidade permanente que justifique o pedido de aposentadoria por invalidez.

Quando a escoliose pode justificar a aposentadoria por invalidez?

A aposentadoria por invalidez é um benefício concedido pelo INSS a trabalhadores que se tornam incapazes de realizar suas funções de forma permanente devido a uma condição de saúde. No caso da escoliose, a concessão do benefício depende da gravidade da curvatura e da incapacidade funcional resultante da condição.

A condição precisa ser severa o suficiente para prejudicar permanentemente a capacidade de trabalho. Em casos de escoliose avançada, onde há dor constante, limitações nos movimentos e dificuldades respiratórias, pode-se solicitar a aposentadoria por invalidez. O trabalhador precisa comprovar que a condição não pode ser tratada adequadamente e que, mesmo com a intervenção médica, não há expectativa de melhora.

A avaliação da incapacidade para o trabalho pelo INSS

A solicitação de aposentadoria por invalidez exige uma avaliação detalhada do caso, que será feita por meio da perícia médica do INSS. Durante a perícia, o médico perito irá analisar vários aspectos, como o grau de curvatura da coluna, os efeitos da escoliose sobre a mobilidade do trabalhador e as limitações causadas pela dor ou dificuldades respiratórias.

A perícia médica considera os seguintes pontos:

  • O grau da curvatura da coluna: O médico perito avaliará o quanto a curvatura é severa e se há impacto nas funções do corpo, como a respiração ou a capacidade de mover os membros.
  • A dor e a limitação de movimento: A dor crônica e a perda de mobilidade podem ser fatores determinantes na análise. O perito avaliará o impacto da dor constante na capacidade do trabalhador de executar suas funções.
  • A resposta ao tratamento: O perito também levará em consideração os tratamentos realizados, como fisioterapia, medicamentos ou até cirurgias, e a eficácia desses tratamentos. Se os tratamentos não forem eficazes, isso pode reforçar a argumentação de que a condição é incapacitante de forma permanente.

Com base nesse exame, o INSS determinará se o trabalhador é incapaz de exercer suas funções de maneira permanente.

Laudo médico: um requisito essencial

O laudo médico é fundamental para a concessão da aposentadoria por invalidez. Esse documento deve ser elaborado por um médico especializado, geralmente um ortopedista, que acompanhe o paciente com escoliose. O laudo precisa detalhar o diagnóstico, a gravidade da condição e o impacto que ela causa na vida profissional e cotidiana do trabalhador.

O laudo médico deve conter as seguintes informações:

  • Descrição do grau de curvatura e de suas complicações: Incluindo se há dor crônica ou dificuldades respiratórias devido à escoliose.
  • O impacto nas atividades profissionais: Como a condição dificulta a realização das tarefas no ambiente de trabalho, como o levantamento de peso, o tempo de permanência em pé ou o trabalho em posturas fixas.
  • A necessidade de intervenções médicas e a resposta do paciente: Relatar se os tratamentos realizados, como fisioterapia ou cirurgia, trouxeram melhorias ou não.

Com um laudo médico detalhado, o trabalhador aumenta suas chances de ter a aposentadoria por invalidez aprovada.

Documentos necessários para solicitar a aposentadoria

Além do laudo médico, outros documentos são essenciais para formalizar a solicitação de aposentadoria por invalidez, como:

  • Exames complementares: Radiografias, tomografias ou ressonâncias magnéticas, que comprovem o grau da curvatura da coluna e o impacto sobre a saúde do trabalhador.
  • Histórico de tratamentos médicos: Relatórios de fisioterapia, tratamentos cirúrgicos ou outros tipos de intervenções que o trabalhador tenha realizado.
  • Documentos pessoais e de contribuição ao INSS: Como CPF, RG, comprovante de residência e extratos de contribuição ao INSS.

Após reunir toda a documentação, o trabalhador pode fazer o pedido de aposentadoria por invalidez no INSS, seja presencialmente ou pela plataforma online “Meu INSS”. O INSS analisará a solicitação e poderá agendar uma perícia médica para avaliar o caso.

O que fazer se o pedido for negado?

Se o INSS negar a solicitação de aposentadoria por invalidez, o trabalhador tem o direito de interpor um recurso administrativo. Nesse caso, o trabalhador pode apresentar novos documentos médicos, exames adicionais ou outros relatórios que comprovem a gravidade da escoliose e o impacto que ela tem sobre sua capacidade de trabalhar.

Se o recurso administrativo for indeferido, o trabalhador poderá recorrer à via judicial. Nessa fase, é altamente recomendado buscar a orientação de um advogado especializado em direito previdenciário, que pode ajuizar uma ação para garantir que o caso seja analisado de forma justa e que o benefício seja concedido.

A importância do suporte jurídico no processo

Solicitar a aposentadoria por invalidez é um processo que exige cuidado e atenção, especialmente em casos de condições crônicas e incapacitantes como a escoliose. A assistência de um advogado especializado é essencial para garantir que toda a documentação esteja correta, que os laudos médicos sejam claros e completos e que o trabalhador tenha todas as chances de obter o benefício.

O advogado também pode ajudar a interpor recursos administrativos e representá-lo em uma ação judicial, caso a solicitação seja negada.

Conclusão

A escoliose, especialmente em casos graves, pode ser uma condição debilitante que prejudica gravemente a capacidade do trabalhador de continuar suas atividades profissionais. Para obter a aposentadoria por invalidez, é essencial que o trabalhador consiga comprovar, por meio de documentos médicos detalhados e exames, que a condição é incapacitante de forma permanente.

Se a solicitação for negada, o trabalhador tem o direito de recorrer, seja administrativamente ou judicialmente. O apoio de um advogado especializado em direito previdenciário pode fazer toda a diferença para garantir o direito à aposentadoria por invalidez e proporcionar uma melhor qualidade de vida para quem não pode mais trabalhar devido à escoliose.

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Gustavo Saraiva

É empreendedor digital, investidor e cofundador do Doutor Multas, sócio do Âmbito Jurídico e sócio da Evah. É colunista do UOL, JUS, Icarros e escreve para dezenas de portais, revistas e jornais.

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